Friday, May 16, 2014

REVERENDO PADRE ABILIO JOSE CALDAS

BIOGRAFIA E RESENHA HISTÓRIA 
DE 
REVERENDO PADRE 
ABÍLIO JOSÉ CALDAS



Nascido em 16-02-1916
Falecido em 08-03-1943

Por: Manuel Jacob Guerra Caldas

Biografia:


Nasceu em: Uma Fatuk Laran, Soibada do Reino de Samoro, em 18 de Fevereiro de 1916.
Filho de: António José Caldas e de Sebastiana da Graça Sarmento.
Neto Paterno de: Aça-Bere "Leto Kamas" e de Balak-Mau
Neto Materno: André Doutel Sarmento e de Joaquina Sarmento.

Segundo filho e primeiro varão do casal António José Caldas e Sebastiana da Graça Sarmento.
Irmão de: Gabriela Caldas, Luís Caldas, Jacob de Assunção Caldas, José Maria Caldas, Valério dos Santos Caldas, Estanislao de Andrade Caldas, Maria Caldas, e Etelvina das Dores Caldas.

Baptizado: na Igreja de Soibada, foi seu padrinho o Reverendo Padre Abílio José Fernandes, Vigario Geral das Missões de Timor.

Estudou no Colegio D. Nuno Alvares Pereira de Soibada até 1930, ano em que ingressou no Seminário de São Jose de Macau, acompanhando pelo seu saudoso padrinho, Reverendo Padre José Fernandes.

Terminou os seus estudos neste seminário em Julho de 1941 e ter sido ordenado:

Subdiácono em 27 de Julho
Diacono em 31 de Julho
Presbitero em 3 de Agosto

Por  Sua Excelência Reverendissimo D. José da Costa Nunes, Bispo de Macau e Timor, Patriarca das Indias. Este ilustre prelado exerceu também o cargo de Governador do Estado de Vaticano nos últimos anos de sua vida.

Em Macau, ainda no Seminário de São José, foi escolhido pelos seus superiores, Prefeito da Divisão de Menores.

Regressou a Timor em 1941, e celebrou a Primeira Missa na terra da Sua naturalidade, na presença dos seus piedosos pais, irmãos, familiares, amigos e povo cristão anónimo deste grande reino.

Colocado no Seminário de Soibada de Diocese de Dili como Prefeito e Professor.

O Reverendo Padre Abílio José Caldas foi o primeiro sacerdote timorense incarnado na Diocese de Díli, após a separação de Macau.

Foi muito curto o seu Munus Pastoral, entre 1941 e 1943.

Resenha Histórico:

Os japonés entrarem em Díli, Timor, em Fevereiro de 1942 e chegaram a Soibada mais ou menus em fins de Setembro deste ano. A população abandonou a vila e refugiou-se no mato. Os colégios masculino (D. Nuno Alvares Pereira) e feminino (Santa Isabel) encerraram e os estudantes não naturais de Soibada foram confiados a alguns professoras catequizas e algumas pessoas que tomaram conta deles até ao fim da guerra.

Os sacerdotes e as religiosas abandonaram também os seus postos e foram conduzidos para Natar Bora, onde foram recolhidos por submarinos e barcos de guerra australianos, refugiando-se em Australia.

Recusou o convite dos australianos em seguir com os seus colegas sacerdotes para Australia e deixar à sorte alguns jovens estudantes que sempre o acompanharam.

Procurou com eles esconder-se nos matos de Soibada e de Barique até 8 de Março de 1943, quando foi apanhado pelos elementos timorenses integrados na Coluna Negra ao serviço japoneses e barbaramente assassinado em Vé Samodok.

Neste data e no mesmo lugar foram também mortos um comerciantes chinês conhecido por Aloi, bem como o seu primo Patricio da Silva.

A ultima missa que celebrou para os seus familiares e alguns refugiados foi em Hás Mahan, onde tive o previlegio de ser, entre os seus sobrinhos directos, o único por ele baptizado e outro primo por afinidade, Luís Benvindo Doutel Sarmento, filho da tia Benvinda, prima do meu pai.

Os seus restos mortais não foram totalmente recolhidos. Alguns foram arrastados pelacorrente da ribeira Vé Samodok e desapareceram. 

Os poucos que foram recolhidos pelo seu saudoso tio António Doutel Sarmento, primos e alguns alunos que sempre o acompanharam, deram-lhes sepultura em Fehuk-Rin, terras do Reino de Barique.


Em 10 de Outubro de 2009, foram translados pelos seus sobrinhos, netos e familiares para a terra da sua naturalidade com conhecimento e autorização de D. Basilio do Nascimento, Bispo de Baucau, Timor - Leste.


Houve também amistoso e familiar entendimento com familiares, amigos, autoridades tradicionais e povo irmão de Barique que, durante 66 anos, conservaram, honraram e dignificaram esta relíquia da igreja de Soibada e das famílias Sarmento e Caldas.


Fiz esta simples e humilde biografia e resenha com base em alguns dados recolhidos no Boletim Eclesiastico da Diocese de Macau, arquivado na Sociedade de Geografia de Lisboa, bem como alguns dados fornecidos pelo meu saudoso pai Jacob de Assunção Caldas e alguns familiares e amigos.

Para todos aqueles que contribuíram para este modesta e insignificante trabalho, e os já foram chamados pelo Senhor, a minha sentida romagem e, para aqueles que comigo ainda continuamos a trilhar o caminho mais íngreme da vida que nos conduz à Liberdade Eterna na Pátria Celeste, o meu predito de gratidão.


Queluz, 10 de Outubro de 2009.


Manuel Jacob Guerra Caldas
  





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